domingo, novembro 19, 2006


Não quero que ames o sonho de mim
Quero que a minha língua te morda
Todos os sentidos
Quero que a minha boca te apanhe
Num qualquer astro
Numa órbita saída de um filme
Num sapato vermelho
Com tacão até ao espaço

Não quero que ames. de mim.
Só o pouco que sei ser
Ou a madrugada. Que nos matou.
Ou o vento que não sabe nada
Feito deserto. Curvado. a meus pés.


E não é nada que quero. neste momento.
Deitada sobre o que resta
desta minha incapacidade
do meu estado animal. Controlado.
desajeitado. Adormecido.
Repetindo-me sem me escutar
Não quero que nada seja
Como parece
Como fazemos por ser
Quero. sim. que esta paz nos abrace
E os meus pés deixem de doer
Que a minha boca se solte
E nunca mais volte para mim.

.




so early and yet. late again

quinta-feira, novembro 16, 2006

too drunk to fuck


Se eu tivesse agora a alma da Florbela
Tinha versos tristes para vos dizer
Canções magoadas
Formas supremas de ser
Tinha ilusões. desencantadas.
Universos de lata. angustiados.
Palavras que combinam e me fazem crescer.

Tinha um espelho. Colado a mim.
E uma faca. para cortar
todas
as imperfeições
Tinha uma espada aguçada
E o desejo na palma da mão.
Tinha o sentido. de uma estrofe.
De um beijo. sentido.

Tinha outro ponto final
Pronto a sair. da minha língua.
O fumo que não se faz ver
E uma cama de lã
Macia, como a pele que respiro
Nestas horas mortas
Que me aproximam do sono

E blahfffff

(time to see more of her)

terça-feira, novembro 14, 2006

.pink.



Sempre que os meus lábios me falham
recorro aos teus
repito-me no cheiro do colchão
agarrada ao que for
num sopro de veludo
queimando-me a pele
Como neste momento
em que me encosto
e tento repousar os meus olhos
da sempre mesma. visão de ti.
Da sempre mesma madrugada
de ruas desertas
nós dois sós. no mundo.
na roda da minha cabeça
apoiada. num suspiro constante.
numa falha do tempo que dita
esta distância
esta vontade

Sempre que a minha boca me falha
sirvo-me da tua
e embarco no meu corpo
em busca. do teu.
de umas quaisquer mãos que me prendam
e me acordem. deste silêncio.
e me levem para longe. de mim.
Para que nunca mais sinta. esta falta.

terça-feira, novembro 07, 2006


Vem sempre na hora em que não estou
Ou naquela em que não posso estar
São como gomos de laranja
Frescos. Mas só por instantes.
Nada que se compare á tua boca


E eu nunca estou. Nem nestas horas
Em que descanso o meu peito em ti
Num abandono das minhas forças
Que nem tento negar

Deve estar prestes a chegar
a minha tristeza
Vem no sopro da madrugada
no silêncio. dos meus pés cansados.
Serenando. juntos. junto ao aquecedor.

Se ao menos tentasse. fechar os olhos
abandonar-me
ou obrigar-me a tudo isto.
Se tentasse ouvir a minha respiração
esquecer-me. do resto.
Mergulhar em ti
ou no soluço. de um espasmo.


Se tanta coisa fosse. assim.
lentamente. despida. num sorriso.
Num sopro de lua
Num pedaço de lençol estendido
Pelo meu corpo

Se eu pudesse apenas dormir
Nos teus braços
Sem ter que acordar
e voltar a perder. Tudo isto.
('the beauty of you' - Coldfinger.
playing.
for me)

sábado, novembro 04, 2006


Nada é nunca escrito hoje
É sempre uma fenda. no minuto.
Um suspiro da janela. aberta.
Esperando por mim

É uma faca. no meu sapato.
Um salto partido junto ao colchão
Uma viagem sem hora
Sem partida. Sem chegada.
Sem destinos…
Uma sombra que passa. sem rasto.

Nada é nunca escrito. Hoje.
Nada é dito. que valha a pena. recordar.

O tempo. no imperfeito.
E todas essas formas
As cores bronzeadas
A pele despida
Do meu silêncio…
Onde o meu corpo se torna porto
De bocejos aflitos
Quando não me consigo encontrar
E me olho. de frente para mim.

Nada é trocado por palavras
Cigarros. Tonturas. Tecidos.
Nada é medo
Uma distância
Um ponto perdido. no espaço.
Falta de sabor. Falta.
Onde tudo parece demais
E mais do que tanto
Um tanto, que guardo
Em capítulos. Lacrados.
E vou escondendo de mim