quarta-feira, abril 26, 2006

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Sei bem que ouço a musica
Que nem Deus pode reconhecer
Escrevo mal nestas alturas
Em que tento boicotar o pensamento
Morder a boca
Deixar o tempo. Passar.
Noutro ponto final. Da minha vida.


Sei bem que
estou aqui
Numa esfera que me engasga
E me conserva doce. Num frasco.
Que eu vou mordiscando
com medo
de chegar ao fim


.ponto II

..




Comecei por chorar
Depois.
Pensei em ti
Ouvi a musica e chorei
Tudo. Só mesmo tudo que me sai cá de dentro
Quase tenho frio
E quase
Se não fosse outra vez forte
E não me importasse com mais nada
E me esquecesse um pouco. Só um pouco.
De mim...
Sei lá eu já. O que está aqui.
O que me resta... e
tanta coisa para dizer
Ouvindo. A musica. E todas que se parecem
Tão contigo
Sem me conseguir deitar
Sem descanso
Pensando...
Que posso dizer tão mais que isto
E não sei dizer nada
Repetindo
Todo este estado de
incapacidade


.ponto

terça-feira, abril 25, 2006


...

Estou agora aqui
Sentada com um nome qualquer
Qualquer coisa que nos venha á cabeça
Como agora. Tão sentido e tão sincero
Sem pontos finais... Só por enquanto
Pelo tempo em que não corremos por aí
A sentir isto.
Sabes que é tanto mais
o que me dói
E todos os acentos
são poucos
Para que saibas. Que estou aqui. Agora.
Com pontuação... sem pontuação
Sem querer saber de todas rimas
Ou dos tercetos. Que chorámos.
Ou que fizeram parte de mim
Estou tão descrente
É tão forte toda esta cruz
Toda esta dor que nunca finda
E eu ando tão perdida... Ando tão perdida
Que nada. Assim, como eu.
Poderá fazer sentido

segunda-feira, abril 24, 2006

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Sabes,
Procuro-te sempre
E embora diga que não
És sempre tu
Não me interessa...
Mas és sempre tu
Algum dia
Serei eu também
Seremos nós
Descansados
Neste som... ou outro qualquer
Mas seremos nós
E eu deixarei de ser triste
Terei outro vicio
Uma distracção
Um disfarce
Uma outra coisa qualquer
Escrita no momento
Dentro de mim
e de nós
Tudo o que agora
me troca a cabeça
Tudo o que sei
E que algum dia..
Também tu
Algum dia em que acorde
E me veja. Tal qual. Tudo o que sou
Maior que o céu.
E a terra.
E me veja em mim
E tudo o resto desapareça



- não há fantasmas!

sábado, abril 22, 2006





Estou presa com a solidão novamente
Presa e feita refém
Escrava de um delírio
Enjaulada. No sopro do meu suspiro.
Ouço a chuva bater na janela
E cá dentro. No meu peito.
Não tenho permissão
Nem força para avançar
Juntar-me ás gotas e deslizar
Nos teus lábios. Nas tuas mãos.
Deixar-me reclusa
Numa imagem. Um cheiro.
De volta para mim
Presa. Na solidão. Novamente.
Encarcerada
Numa musica que passou
enquanto eu não estava a ouvir
Num minuto de fantasia que dita
Toda a minha sorte
Os meus dedos colados
num teclado de pó
Deixando marcas da minha ausência

quinta-feira, abril 13, 2006





Era tão mais fácil.

( Ponto.
Que não me posso perder
a enumerar os quandos
Ou todos os ses
Que se me atravessam no caminho
E me fazem tropeçar nas barreiras
Por definir.)


Era só tão mais fácil.
(Outro ponto.
Final de todos os parágrafos
Sentados. Antes e depois e durante.
E enquanto.
Tudo passa
a correr
por mim.
Está tanto frio aqui que parece
que a morte
desceu
na noite
para me levar.)


Só consigo ouvir a musica
E estar calada
Parada
Num tempo que leva tempo a passar
Numa rua qualquer do meu pensamento
Onde não encontro caminho
Só consigo isto, que não vejo
Não apalpo. Não farejo.
Mas que se passeia pela minha pele
Como um martírio
Uma espinha que me atravessa a garganta
Um sopro de sal nas minhas feridas
Agora. Que se faz o resumo
Desta incapacidade

quarta-feira, abril 12, 2006

...



Faz frio agora, aqui.
Estou sentada antes da vida
E vejo tudo aos pedaços
Preciso de me libertar
Mas não me permito
Não materializo esta tristeza
Nem me deixo ir além
do descontrolo.
Como não sou capaz de escrever
Ponho-me a ler outros lamentos
Formas de atrasar o tempo
Que corre desenfreado
Pelas paredes do meu corpo
Do meu corpo deitado
Rendido ao vazio
Ao frio que faz, aqui, agora.

Como não sou capaz. De mais nada.
Acendo um cigarro e espero
Pacientemente
Uma outra forma de dormir


"
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?"



Cecília Meireles, in Retrato

terça-feira, abril 04, 2006






















Vamp






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segunda-feira, abril 03, 2006

Blurp... blurp... blurp.



Horas como esta
Sem pausar
Deito-me sobre o castigo
das palavras. de outros.
Brinco com a pontuação
e com a vida. os sentidos.
Estendo-me nos lençóis
na minha dor. já dormente.
Calo-me...
ouvindo o fumo
gritar
a loucura da minha boca

domingo, abril 02, 2006

papel Rita!!!!!!!!



Não quero mais
falar contigo
Fechados. Em nós.
Nada mais que um silêncio forçado
E que uma espera, sem sentido
Não quero. Mas nada disto para nós.
Que se finde a história de um oh
Que nos perdeu
Hoje até estiquei o cabelo
Nem reparaste. Nem podias
Eu escolhi chorar não foi
Antes de ti. Já era isto.
Não muda com as gotas do frio
Modifica-se. Transfere-se.
Mas já era isto. Antes.

Papel Rita!!!!!!!!!!!!!