segunda-feira, maio 26, 2014

O vento que não pára de soprar no meu ouvido
O vento que me quer fazer quieta. Prender-me as pernas.
Sopra-me no ouvido. Murmura gemidos de fome. Dores passadas
Prende-me as pernas. Sinto a cabeça tonta e o mundo todo a girar
Como uma roda gigante numa feira abandonada.
Sinto-o
No meu ouvido e nas minhas pernas
No meu cabelo. Estendido no sofá
O meu estendal de penas. Molas perdidas
Rostos cansados.
Não pára de soprar
Faz eco. No meu vazio
Noutro copo amargo que insisto
Em desculpar.
Mais uma folha arrancada de um livro
já sem capítulo
Mais um copo. Amargo.
Que teima em velar as minhas noites...

Vento. Que me deixa doida. que não pára.
de soprar