domingo, novembro 19, 2006


Não quero que ames o sonho de mim
Quero que a minha língua te morda
Todos os sentidos
Quero que a minha boca te apanhe
Num qualquer astro
Numa órbita saída de um filme
Num sapato vermelho
Com tacão até ao espaço

Não quero que ames. de mim.
Só o pouco que sei ser
Ou a madrugada. Que nos matou.
Ou o vento que não sabe nada
Feito deserto. Curvado. a meus pés.


E não é nada que quero. neste momento.
Deitada sobre o que resta
desta minha incapacidade
do meu estado animal. Controlado.
desajeitado. Adormecido.
Repetindo-me sem me escutar
Não quero que nada seja
Como parece
Como fazemos por ser
Quero. sim. que esta paz nos abrace
E os meus pés deixem de doer
Que a minha boca se solte
E nunca mais volte para mim.

.




so early and yet. late again

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Dos melhores textos que li por aqui, escreves bem mas este tem aquele tom que me despertou desde a primeira frase.

Sandro

2:40 da tarde  
Blogger Cabisbaixo said...

Leio e pressinto. Como se a tua incapacidade, tudo na tua incapacidade fosse um Deus, que se prostra perante tanto amor, tanta dor. E no fundo, que resta para além de caminhar? Nada, para além de tudo...

12:06 da manhã  

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