quinta-feira, março 09, 2006




Estava capaz de te ver entrar
Por esta porta.
Que se senta. Aqui. À minha frente.
Quase sem respirar. Tu. Ou eu.
Esta porta que nos separa. De nós.
E do mundo. Esta noite.
O ponto final da minha espera.
Esta noite. E nada quase acontece.
Como um holograma que se solta
Do meu peito
Projectado na minha porta. Ainda fechada.
Sem quase pressa. De se abrir.
Estava capaz de tanta coisa. Ao ver-te entrar.
Sentada no canto mudo. Da noite.
Perfumada por tantas cores.
Invisual ou cega.
Parada. Num quase. Qualquer coisa.
Capaz de um beijo demorado.
Das nossas bocas. Coladas.
Numa porta que teima em não abrir.
Aqui sentada.
Respirando-te.
Vendo-te entrar.